DXP e o desafio da integração com sistemas legados
A promessa da transformação digital é sedutora: dados integrados, experiências unificadas e decisões em tempo real.
Mas a realidade de grande parte das empresas é outra — sistemas legados, dados dispersos e silos tecnológicos que travam a inovação.
Nesse cenário, as DXPs (Digital Experience Platforms) surgem como hubs capazes de conectar o novo ao antigo, orquestrando dados, fluxos e experiências em uma única arquitetura digital.
A questão não é mais se integrar, mas como fazê-lo sem comprometer performance, segurança e escalabilidade.
O que é uma DXP e por que ela é o centro da integração digital
Uma DXP é uma plataforma que centraliza todas as interações digitais entre marca e público — sites, apps, e-commerce, automações, chatbots e até canais físicos.
Ela conecta múltiplos sistemas de backend (ERP, CRM, CMS, marketing automation) e permite que a empresa entregue experiências personalizadas e consistentes em qualquer ponto da jornada.
Mas seu papel vai além da gestão de conteúdo: a DXP atua como um orquestrador de dados.
Por meio de APIs, conectores e microsserviços, ela coleta informações de diferentes origens e cria uma camada única de inteligência — o que torna possível decisões rápidas e contextuais.
Sistemas legados: o dilema da transformação digital
Os sistemas legados são, ao mesmo tempo, o alicerce e o gargalo da operação digital.
Eles carregam informações valiosas, mas em estruturas antigas, muitas vezes sem suporte à integração moderna.
Migrar tudo de uma vez é inviável — caro, arriscado e demorado.
Por isso, o desafio das empresas não é eliminar o legado, mas estender sua vida útil por meio de integração inteligente.
Uma DXP bem configurada atua como uma ponte:
- Conecta o legado via APIs ou middlewares;
- Transforma dados em formatos compatíveis;
- Garante sincronização contínua sem reescrever sistemas inteiros;
- Reduz o tempo de resposta entre front-end e back-end.
Assim, o legado deixa de ser um obstáculo e passa a ser parte ativa do ecossistema digital.
Hubs digitais: orquestrando dados de diferentes fontes
Imagine sua empresa como uma orquestra, onde cada instrumento representa um sistema: CRM, ERP, BI, e-commerce, automação de marketing.
Sem um maestro, o som é caótico.
O hub digital da DXP é esse maestro — ele sincroniza todos os dados, fluxos e interações em tempo real.
Essa orquestração gera benefícios tangíveis:
- Visão 360º do cliente: consolida histórico, comportamento e preferências.
- Decisões mais rápidas: dados prontos para análise, não fragmentados.
- Eficiência operacional: elimina redundâncias e retrabalho entre times.
- Escalabilidade: permite adicionar novos canais ou tecnologias sem reestruturar o núcleo.
De acordo com a Gartner (2024), empresas que adotam DXPs integradas reduzem o tempo de lançamento de novos canais digitais em até 40%, justamente por eliminar silos de dados.

Integração na prática: APIs, automação e governança
A integração entre DXP e sistemas legados depende de três pilares fundamentais:
1. APIs como linguagem comum
As APIs permitem que sistemas antigos “conversem” com novos módulos de maneira segura e padronizada.
Mesmo soluções on-premise podem ser expostas como serviços, abrindo caminho para automação e interoperabilidade.
2. Automação de fluxos e middleware
Camadas intermediárias (como MuleSoft, Boomi ou ferramentas de iPaaS) conectam aplicações heterogêneas.
A DXP consome esses dados, harmonizando cadastros, pedidos, leads e interações sem que o usuário perceba o que está por trás.
3. Governança e segurança
Cada conexão é um ponto de vulnerabilidade potencial.
Por isso, frameworks de governança de APIs, autenticação (OAuth 2.0, JWT) e logs centralizados garantem que a integração seja auditável, escalável e confiável.
Do legado ao ecossistema: o salto de maturidade digital
Adotar uma DXP integrada é mais do que modernizar sistemas — é mudar o modelo mental de operação digital.
O foco sai da manutenção de plataformas isoladas e vai para a criação de ecossistemas vivos, onde dados fluem entre áreas e decisões são guiadas por contexto.
Empresas que já avançaram nessa direção relatam ganhos como:
- Redução de custos operacionais;
- Agilidade no lançamento de produtos;
- Melhor experiência do cliente;
- Retenção de talentos técnicos, que passam a trabalhar com arquiteturas modernas e abertas.
O verdadeiro impacto da DXP está em transformar o legado em ativo estratégico — não um passivo técnico.
Conclusão
O futuro da transformação digital não será sobre substituir tudo o que existe, mas sobre integrar o que funciona com o que é novo.
A DXP é a engrenagem central dessa transição: o ponto onde tecnologia, dados e experiência se encontram.
Empresas que dominarem essa orquestração estarão prontas para inovar sem romper o que sustenta sua operação.
No fim, integrar é evoluir — e é isso que define quem lidera a próxima fase da economia digital.